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Joana I de Castela

Joana I de Castela
Imagem Joana I de Castela

Toledo 1479 - Tordesilhas 1555

Conhecida historicamente como Joana, a Louca, filha dos Reis Católicos Isabel e Fernando, constitui um dos mistérios de Espanha.

Nasceu em Toledo a 6 de Novembro de 1479. Teve uma educação esmerada, aprendendo não só a ler e a escrever, bem como aos 15 anos lia e falava correctamente o Francês, o Latim, uma vez que teve como professora Beatriz Galindo, a Latina. Também se destacou pelas suas habilidades musicais.

De acordo com a politica matrimonial dos Reis Católicos, que tinham como objectivo cercar o inimigo reino de França, acordaram um matrimónio com o único filho do imperador Alemão Maximiliano, Filipe, o Formoso; que era já o soberano da Flandres e Borgoña, como herdeiro da sua mãe. Ao mesmo tempo acordaram a união do seu irmão, o principe João, com a irmã de Filipe, O Formoso, Margarita de Áustria. O primeiro encontro do casal dá-se a 18 de Outubro, na cidade de Lierre, próxima de Amberes, sentindo ambos uma atracção mútua, o que levou a uma antecipação da data prevista para o casamento, que se celebrou de forma privada na capela de Joana e ainda nesse mesmo dia. No entanto, a cerimónia oficial só acontece dois dia depois, a 20 de Outubro de 1496.

O que se pensava que ia ser um casamento romântico, rapidamente mudou de figura. O problema principal foi a forma como a Corte de Flandres tratou a comitiva de D. Joana, de tal forma, que em poucos meses Filipe, o Formoso, manda embora grande parte das pessoas que faziam parte desta comitiva e que tinham acompanhado D. Joana desde Espanha. Tudo isto, unido a uma atitude conquistadora por parte de D. Filipe e que D. Joana não permitia, provoca o aparecimento de ciúmes e de conflitos entre o casal. Ainda assim, Joana e Filipe tiveram seis filhos:

Leonor (1498). Foi Rainha de Portugal e em segundas núpcias Rainha de França;
Carlos (1500). Imperador Carlos I de Espanha e V da Alemanha;
Isabel (1501). Rainha da Dinamarca;
Fernando (1503). Imperador da Alemanha;
Maria (1505). Rainha da Hungria e Boémia;
Catarina (1507). Rainha e Regente de Portugal.


Com a morte do seu irmão, Príncipe João, herdeiro do trono de Castela, bem como da sua irmã Isabel e Miguel, filho desta, convertem Joana em Princesa das Astúrias e herdeira dos Reis Católicos (1502).

Em 1504 dá-se a morte de Isabel, a Católica, sendo então proclamada Rainha de Castela. Estipulou-se um Gverno conjunto entre Joana, Filipe e o seu pai Fernando, através da Concórdia de Salamanca em 1505, mas com a morte de Filipe em 1506, declara-se que pode reinar.

Com o cadáver de Filipe, recorre a planície castelhana, e a 18 de Fevereiro de 1509 a caravana fúnebre detém-se em Tordesilhas. A Rainha, conjuntamente com a sua filha Catarina, ficam instaladas no Palácio Real, onde irá permanecer durante 46 anos, até morrer em 1555; enquanto que o caixão de Filipe, o Formoso, foi sepultado na igreja do Real Convento de Santa Clara até ser transladado anos mais tarde para Granada.

É evidente que se dificultou, por todos os meios, a saída da Rainha do Palácio Real, pois não deixava de ser a legitima soberana, e tinha-se receio de que ao vê-la, os súbditos se revoltassem contra o seu filho Carlos I, como aconteceu com a revolta comuneira. Daí que, tanto Fernando, o Católico, como o seu filho Carlos, escolheram homens de confiança para o Palácio aonde estava D. Joana, que na sua maioria não foram mais do que carcereiros. No curto espaço de tempo (dois anos), em que Hernán, Duque de Estrada, esteve responsável pelo Palácio, foram os único em que a Rainha conseguiu viver como tal. Em Tordesilhas recebeu a visita de, entre outros, do seu filho Carlos I de Espanha e V da Alemanha, do seu neto Filipe II, bem como dos comuneiros de Castela, que proclamavam a sua legitimidade como Rainha.

Numa sexta-feira dia 12 de Abril de 1555 morre Joana, na altura com 75 anos de idade. O seu cadáver é sepultado na igreja do Real Convento de Santa Clara, até ser trasladado em 1574 para Granada, aonde se encontram também os restos mortais do seu marido.

Mulher culta e inteligente, tendo sido utilizada por reis, nobres e plebeus nas suas disputas. O seu verdadeiro estado mental é, ainda hoje, uma incógnita.